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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

  EDUARDO BÓ

O Cara do 1º gol da história do Guará.

Somente o livro de Walderez poderá despolemizar.

        "Dai a César o que é de César ou Ser ou não ser, eis a questão". Duas frases célebres que povoam a mente de quem vai tomar a maior decisão de sua vida, quando vai bater um bater um pênalti. O César, o craque do time, aquele que deveria bater o pênalti. E, o craque não era Bó, mas poderia vir a ser, era só aquela bola entrar e o futebol antoninense poderia estar, ali, presenciando o nascimento do seu mais novo artilheiro... Entretanto, o goleiro Albertinho Galo estava lá, ficando cada vez maior e as traves, cada vez menores. Não sei, mas Bó, naquele momento solitário, diante do goleiraço crescendo a cada segundo, estava na situação de Zico (no pênalti que perdeu contra a contra a França, na Copa de 86) ou na de Pelé (no milésimo gol, no Maracanã). E, refletindo. "Será o primeiro gol do Guará e o primeiro gol meu com jogo de camisa, juiz e bandeirinhas, a galera toda aí, comandada por Walderez Garça, esperando que essa bola entre..". No ar, uma alegria, uma tremenda algazarra das torcidas e uma réstia de terror. E, Bó, ali,  na marca do pênalti, arrumando a bola sem olhar para o goleiro... Levantou a cabeça, talvez, pensando: "Suicido-me, como Getúlio Vargas perdendo este pênalti, mas entro para a História ou chamo Zé Goto para bater..." 
          NR  Eu, que conheço o Bó desde o tempo de Lobinho dos Escoteiros Valle Porto, sabia do trabalho que dava pro seu Maneco Picanço quando tinha que separar a briga entre Bó e Delma, pra ver quem ia na frente da bateria da tropa, (Delma, a filha do seu Zeco, o 2º tenente do seu Maneco e da Tropa). Portanto, Bó não iria afinar e, com certeza, não iria dar a Zé Goto a chance que o destino llhe impusera. Nem que morresse, afinal, o único que sobrevive numa penalidade, é o goleiro, pois se toma o gol, a gente perdoa e se pega, vira herói. O batedor, não; errou, tá morto!
Não é Jef Picanço, atrás de Delma e Bó? E, seu Maneco, de olho.

                                 Bó, começa a tomar distância, sem tirar o olho da bola, pro goleiro não ver preocupação nos olhos daquele que o futebol antoninense de Bino, O Gato Selvagem do Corinthians, de Walter, ídolo do Atlético e Coritiba, esperava de braços abertos...  Do outro lado da cerca, inclusive atrás do gol (o que a regra não permite), os traíras, amigos do goleiro e do adversário, com um fio de esperança de que ele errase aquele pênalti.  
     Parou. Deu uma olhadinha rápida na colocação do goleiro, respirou fundo e começou a caminhar para a bola. Naquele momento em que você vai em direção à bola, você só vê aquele monte de dentes e de bocas vociferando em elogios e palavrões. Você parece que vai ficando surdo, escuta, ao longe, cada vez mais longe os gritos de incentivo da torcida... O suor, que é salgado, começa a  entrar nos olhos e a nossas mãos, geralmente, sujas de areia, lama e mais suor, inevitáveis e coisas do jogo que gente limpa no calção, na camisa e tudo, pra disfarçar o nervosismo ou o pavor que e a gente nunca descobre o que nos moveu, afinal..
           A alguns metros da bola, levanta os olhos e vê que o goleiro Albertinho Galo está maior ainda, mas agora, seja o que Deus quiser. Escolhe o canto e chuta! A bola, sai como um foguete buscapé e o goleiro, que não sabe onde a bola vai,  não arrisca um canto, mas acaba tirando o pé de apoio do chão. Apenas um erro e esse erro, bastou. Aquela bola venenosa passa por baixo das pernas do goleiro e a hístória do futebol antoninense, acabando de  escrever um novo capítulo... Mas, e agora, Bó? A fama, a torcida vindo em sua direção, desesperadamente feliz. A consagração, Bó?! Não sabendo pra onde correr, pensou nos todos os domingos que iria ter que jogar, treinar a semana toda, dormir às 23 horas nos sábados, a exigência permanente da torcida, ainda mais quando houver outro pênalti?  Os cornetas, que nunca estão satisfeitos e as pancadas dos zagueiros?. Ah,, não! Tô fora! Quer saber? Eu vou é escrever uns cinco a dez livros, fotografar o mundo, ser professor de Belas Artes, fundar um Festival num inverno desses, ser tema de escola de samba, entrar num partido político e quando aposentar, vou fazer meu bunquer, ali, no Jikiti.
             É certo, que o futebol antoninense, com essa decisão de Bó, perdeu a chance de ver nascer um futuro craque. Quem sabe, um novo Ronaldinho? Antonina já havia perdido, o Aranha, o nosso Antonio Pelicano, que fez um gol com a camisa do 29 numa preliminar e mesmo com a invasão dos admiradores, principalmente eu, Tico Fayad, Sérgio Bateira, Eduir, Alcatrão, entre outros, Pelica desistiu do futebol. Bem, essa é outra história. Entretanto, Antonina agradece por ter ganho dois artistas.       

Ao Amigo Eduardo Bó, que sempre disse, que se a história se for boa, os caras lêem.  Pois, é, Amigo Bó, já têm mais de mil. Obrigado, pelo incentivo e às mensagens de mesmo sublime valor. Abraços, do Porvinha.

            
 

4 comentários:

  1. Pô amigo Marcus...tudo não passou de uma brincadeira. Claro que a partida houve, Guará X Banco do Brasil, no campo do Ginásio. Que houve um pênalti, também. Mas como tudo não passava de uma grande brincadeira, fui escolhido pela torcida - por ser o pior jogador em campo - para cobrar. Muito nervosismo e faltou força...a pelota foi tão lenta que o goleiro - Albertinho Galo - não acreditou e tomou o maior frango.
    Obrigado, por me colocar em suas histórias. Acho que tem muito pra contribuir com a memória futebolística da nossa cidade.
    E somente está começando. Mil abraços pra VC!

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    1. Citar Jesus e Shakespeare, vá lá, mas chute buscapé, não é para qualquer um. Só você, Querido Bó.

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    2. Rrsrsrs.
      muito boa essa historia.

      parabéns no aguardo demais algumas

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  2. muito boa!! parabéns, Porvinha! (já que fui citado, realmente não era eu: em 62 eu ainda era projeto).
    abraço!!

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